Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

domingo, 16 de dezembro de 2018

Sobre um ataque à mulher e o silêncio do movimento de mulheres




No final de semana passada, mais precisamente no dia 09 de dezembro deste ano, a Paraíba ficou sabendo de mais um caso de violência cometido contra uma mulher, e este logo ganhou repercussão na mídia local por envolver o prefeito de Sousa, Fábio Tyrone (PSB) e, na época do fato, sua companheira, a advogada Myriam Gadelha. A própria vítima das agressões perpetradas contra ela foi autora de uma queixa na Polícia e depois divulgou imagens nas redes sociais dessa violência sofrida por ela, no dia 06 de dezembro passado, após uma festa realizada em João Pessoa.
Ao longo da semana que passou, outras coisas ocorreram envolvendo este fato, como a fala do prefeito de Sousa, Fábio Tyrone, vindo a público afirmar que o que ele fez foi fruto de uma "legítima defesa"; notícias dando conta de que ele é reincidente, pois responde a um outro processo, de mesmo tipo, no Ceará, contra sua ex-esposa; os tios de Myriam, ambos da família Gadelha, dando declarações à imprensa, de que não irão deixar isso "barato", e outras questões a mais.
Porém, o mais impressionante, na minha humilde opinião, é ter verificado, até o presente momento, o silêncio ensurdecedor dos movimentos de mulheres da Paraíba acerca deste caso. Para deixar bem claro, logo de início, algumas coisas para algumas pessoas. Tenho minha identidade de gênero e orientação sexual muito bem definidas, além de minha posição política. E, por tudo isso, defendo os direitos e conquistas das mulheres, assim como de outros setores tão ou mais oprimidos do que estas em nossa sociedade. Reconheço, enfim, que nós, homens, somos machistas, criados numa sociedade machista e que precisamos, a cada dia que passa, nos educarmos para desconstruirmos essa terrível chaga que o capitalismo faz questão de manter para dividir nossa classe.
Neste aspecto, não importa para mim, nesse caso, a origem social de Myriam Gadelha, nem de nascença ou atual. Pouco me importa saber se ela é uma mulher pequeno-burguesa (e é, na verdade) ou trabalhadora. Importa saber e reconhecer que ela, agora, infelizmente, entrou para o triste ranking das mulheres vítimas do machismo que existe em nossa sociedade, mais especialmente no Nordeste brasileiro e na Paraíba, em especial, aonde um homem (como Fábio Tyrone) se acha o "todo-poderoso", "dono" da mulher e, assim, pode fazer o quem bem quiser de sua companheira de ocasião, inclusive espancá-la.
Lamentável é assistirmos este silêncio do movimento de mulheres paraibano que não se pronunciou, até agora, sobre este caso. Todos, em geral, sem exceção. A começar do movimento de mulheres do PSB, mesmo partido do prefeito "valentão" de Sousa. Parlamentares como Estela Bezerra, Cida Ramos, Sandra Marrocos, a secretária estadual da Mulher e Diversidade Humana, Gilberta Soares (também do PSB), nenhuma (nem o movimento) emitiu uma nota sequer. Mesma linha de infeliz de atuação seguiu o Centro da  Mulher 8 de Março e sua líder, Valquíria Alencar (também do PSB), o Coletivo Cunhã Feminista (ligado à deputada Estela Bezerra), o Movimento de  Mulheres da UFPB, a Marcha Mundial de Mulheres na Paraíba, o MML (Movimento de Mulheres em Luta). Se existirem outros movimentos de mulheres não citados aqui, é porque não conheço ou não lembro de imediato. O mais importante, aqui, é lembrar disso: o silêncio perturbador das entidades de mulheres paraibanas a respeito deste caso. Fica aqui a pergunta: porquê será??? Será que é por conta do agressor ser prefeito de uma importante cidade e do PSB??? Ou há outros motivos???

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