Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

A formação da minha consciência


Marx já afirmava em "A Ideologia Alemã" que " (...) A consciência é portanto, desde início, um produto social, e assim sucederá enquanto existirem homens em geral". Tal afirmação se sustenta até hoje porque não há como contestá-la. Rousseau também já afirmara que somos "produto do meio" em que vivemos e, tal qual a consciência que possuímos, a adquirimos nessa convivência social que temos durante nossa existência.
Evidente que tal pensamento não é consensual, há divergências. E bom que existam diferenças em relação a isso, pois assim desenvolvemos o pensamento científico, desde que existam respeito entre as partes.
A consciência humana e, dentro desta, a consciência política, se forma de várias maneiras, variando de pessoa para pessoa. Cada um/a tem sua história pessoal a contar sobre como isso se originou. Uns foi através de sua experiência de vida, muitas vezes sofrida, outros através dos estudos pessoais, científicos. Outros, ainda, aliados à vida pessoal com os estudos. Alguns ainda tal consciência política ocorreu de forma casual. Vou tentar contar-lhes como se deu a minha.
Creio que minha consciência política se construiu unindo a forma casual com a experiência de vida, seguida anos mais tarde com a leitura de algumas fontes científicas, dadas por contas de meu ingresso na militância política. Mas, o início de tudo mesmo, credito à causalidade misturado à experiência de vida. Creio também ser a primeira vez que abordo este tema, pelo menos publicamente. Acho que a chegada dos 50 anos ajuda um pouco nisso!!!
Esse início se deve, creio eu, à minha juventude vivida em Maceió. Vivi na capital alagoana entre 1975 - 1983 quando, movido pelas mortes prematuras de meu pai e minha mãe, acabei indo morar em João Pessoa, aonde nasci. Quando lá morei, nas minhas férias escolares, ou finais de semanas, costumava viajar com meu pai para o interior de Alagoas entregar as encomendas da pequena fábrica que meu pai tinha. Ele era proprietário de uma pequena fábrica de cadeiras de ferro para terraço e, quando ia fazer entregas nas cidades do interior, ia com ele na velha e boa kombi azul que tínhamos. Foi assim que conheci boa parte do estado de Alagoas. E, creio eu, vendo a dura realidade dos trabalhadores da fábrica, viajando pelo interior de Alagoas, observando a vida das pessoas naquelas cidades, as dificuldades da vida de meu pai e de minha mãe (que era datilógrafa na Assembleia Legislativa de Alagoas, à disposição do mesmo órgão da PB) que, sem saber e sem querer, minha consciência política foi se moldando (e continua se moldando ainda hoje, pois tudo faz parte de um processo).
Só vim perceber tudo isso recentemente, após uma conversa num quiosque no centro da cidade, quando um desconhecido falou isso pra mim. Ou seja, alguém de fora, completamente desconhecido para mim, precisou alertar meus neurônios e sentidos para que despertasse em mim esse sentimento e pudesse colocar ao conhecimento de todos/as essa história.
Mais uma vez, a história se repete. Algo de fora se manifesta para que possamos expressar nossa memória e colocar para fora toda nossa história. 

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