Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Farinha pouca, meu pirão primeiro!!!





O título deste artigo nos remete a um velho ditado popular que, de forma muito enfática, sinaliza que, em tempos de poucas oprtunidades para se conseguir algo, devemos nos apegar à primeira destas que porventura surgirem. É mais ou menos esse o sentido desta sabedoria de nosso povo.
Este ditado popular tambem pode ser aplicado à política traçada, de forma consciente, pela direção nacional do PSOL, no seu percurso nada retilíneo nos debates ocorridos no Congresso Nacional a respeito da "reforma política" que vem sendo definido em Brasília, à revelia dos anseios da maioria de nosso povo.
Demorei para escrever algo sobre este tema por conta da não conclusão deste processo no Congresso Nacional. Mas, como ontem (09/09/15), a Câmara dos Deputados já começou a analisar as mudanças feitas pelo Senado ao projeto original, podemos já tecer alguns comentários a esse respeito.
Antes de mais nada, é preciso mais uma vez caracterizar esta "reforma política" que vem sendo feita por deputados e senadores como profundamente antidemocrática e, consequentemente, cada vez mais transformando o processo político-eleitoral brasileiro como um dos mais excludentes do mundo. Pela "reforma" que vem sendo elaborada, mais do que nunca as elites de nosso país comandarão os destinos de nosso povo.
Tudo isso já era de se esperar, afinal esta é uma das legislaturas mais conservadoras dos últimos anos do Parlamento nacional. Não que tivéssemos tido, em tempos passados, um Congresso Nacional antenado com os interesses e desejos de nosso povo, mas o atual é "sui generis". Um dos graves problemas deste processo é a postura do PSOL neste debate e a política traçada pela direção nacional deste partido.
Em 08 de julho deste ano, a Câmara dos Deputados encerrou a votação em dois turnos desta "reforma política". O saldo deste processo foi uma legislação eleitoral ainda mais draconiana do que a atual, pois entre outras coisas, estabeleceu-se uma cláusula de barreira que, na prática, colocou na semiclandestinidade, partidos como PSTU, PCB, PCO e PPL, além de retirar destes o tempo mínimo de TV e rádio para expor suas ideias. Pior: com o aval da bancada do PSOL na Câmara dos Deputados. Imediatamente, o PSTU iniciou uma campanha nacional em defesa das liberdades democráticas e conseguiu até agendar uma audiência pública sobre o tema no Congresso Nacional. Dias depois, o PSOL provou do seu próprio veneno: os "democráticos" parlamentares do nosso Legislativo decidiram que, para qualquer partido com candidatura própria a um cargo eletivo ter o direito de participar de debates em rádio e TV, só se este tiver no mínimo 9 deputados/as na Câmara Federal. A partir deste momento, a direção nacional do PSOL começou a se mexer e a fazer uma campanha nas redes sociais semelhante a que o PSTU puxou.
Até o instante em que a "reforma política" atingiu PSTU, PCB, PSOL e PPL, a direção nacional do PSOL não havia emitido UMA nota pública sobre o fato, se solidarizando com estas organizações, em razão do duríssimo ataque que estavam sofrendo. Mas, quando decidiram acabar com a participação nos debates de rádio e TV, aí o PSOL surgiu pro debate.
Isso explicita cada vez mais o caráter eleitoreiro do PSOL, um partido que desde seu nascimento traz isso em seu código genético. Toda a política do PSOL,  a partir de sua direção nacional e espalhando-se pelos Estados e municípios, visa apenas uma coisa: se cacifar eleitoralmente perante o povo brasileiro como a "salvação" deste mesmo povo. Portanto, retirar suas candidaturas dos debates de rádio e TV é um golpe de morte em uma organização deste tipo.
Para tentar salvar sua pele - e APENAS sua pele - a direção nacional do PSOL, tendo a ex-candidata a Presidente, Luciana Genro, não ousou em "radicalizar" de forma consequente na sua linha política de defender a legalidade burguesa, ainda que esta destrua alguns de seus parceiros eleitorais e ideológicos, como PSTU e PCB, com os quais já realizaram diversas alianças em todos os níveis da política nacional. Em 31 de agosto deste ano, realizaram uma reunião com FHC para buscar apoio deste e, por tabela, do PSDB para aprovar no Senado modificações no projeto da "reforma política". Que modificações? Especialmente aquela que preserva o direito do PSOL em participar dos debates nos meios de comunicação, com suas candidaturas.
Pecebam a que nível chegou a direção nacional do PSOL!!! Em vesz de promover uma ampla campanha nos movimentos sociais, arregimentando simpatizantes para sua causa, realizando atividades conjuntasd com os outros partidos da esquerda socialista que também estão sendo duramente atingidos com esta "reforma", Luvciana Genro e seus pares da direção nacional do PSOL procuram o maior inimigo de nossa classe, FHC, para fazer barganha política!!! Lamentável!!!
Vários setores do PSOL nao concordaram e criticam abertamente esta postura da direção nacional de seu partido. Esperamos, sinceramente, que estes/as companheiros/as consigam mudar a orientação política de sua direção, apesar de acharmos dificil que isso ocorra! 
Esta é a política do "farinha pouca, meu pirão primeiro" que a direção nacional do PSOL traçou como linha mestra. Para fazer valer isso, vale tudo, inclusive esquecer um dos mais elementares princípios de uma organização que se diz socialista: a solidariedade de classe!!!
                    

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