Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Um beijo, uma foto, uma polêmica. Há sentido nisso?


Esta foto acima, publicada no Instagram do atacante corintiano Emerson Sheik pelo próprio, desencadeou revolta de uma torcida organizada do time paulista (foto abaixo) e reacendeu uma antiga e atual polêmica em nossa sociedade, sobre a crescente onda homofóbica que permeia em nosso ambiente social.



O ex-jogador Neto, ídolo corintiano dos anos 90, em seu blog fez uma surpreendente declaração, com a qual temos pleno acordo. Diz o ex-meio campo do Corinthians que "fora do campo cada um faz o que quiser. O que o torcedor tem que cobrar é desempenho no gramado". Nisso, Neto acerta em cheio. Mas, por quê as pessoas se preocupam tanto com isso? Por quê cinco membros da Camisa 12, uma das muitas torcidas organizadas se arvoraram a representantes da imensa nação alvinegra e foram até o CT do Corinthians com faixas imensas protestar contra o ato do atacante do Timão com dizeres profundamente homofóbicos e darem declarações à imprensa do tipo "a nação inteira está freneticamente indignada. Pode até ser a opção dele, mas nós estamos sempre tirando sarro dos bambis (modo pejorativo com o qual é chamada a torcida do São Paulo). O mínimo que ele tem de fazer é um pedido de desculpas", disse Marco Antônio, membro da diretoria da Camisa 12".
Vê-se dessa declaração, além da homofobia, uma outra questão: o membro da diretoria da Camisa 12 está preocupado é com as brincadeiras que as outras torcidas poderão, a partir de agora, tirar com eles, já que eles estão acostumados a zoar da torcida são-paulina há anos com termos pejorativos e homofóbicos. Na verdade, diria até que essa é a principal preocupação dele.
A decisão de fazer tal ato exposta na foto por Emerson Sheik e a repercussão provocada por isso revela o tamanho não apenas da homofobia que ainda persiste em nosso país , mas sobretudo, da hipocrisia que existe em nossa sociedade. Muitos e muitas ainda afirmam diante de câmeras de TV, quando perguntadas que não acham nada demais a existência de relações homoafetivas, mas quando confrontadas com uma cena dessas, mesmo que seja apenas de brincadeira, como fez questão de enfatizar o atacante corintiano, o preconceito, a discriminação, a homofobia, vem à tona e faz exalar o odor fétido de todos esses sentimentos.
Fazendo coro com o ex-jogador Neto, e se o atacante Sheitk for homossexual? O que os membros da Camisa 12 tem a ver com isso? Ele está cumprindo suas obrigações como atleta ou não? Está ou não fazendo o seu melhor pelo clube? É isso que importa ou não? Será que não existe nenhum gay, lésbica, travesti, transsexual que torça pelo Timão? 
Na verdade, isso revela a velha discussão do "padrão" de relações afetivas criado por nossa sociedade, de que tal "padrão aceitável" é o heterossexual, sendo qualquer um que saia desses trilhos é feio, anormal, um desvio, sendo portanto abominável. Algumas pessoas, portanto, tratam isso comrequintes de crueldade, seja empunhando faixas com dizeres homofóbicos, como fez a torcida Camisa 12 ou partindo pra pancadaria, como fazem outros, chegando em alguns casos a matar as pessoas LGBT's por considerá-las seres de segunda, terceira categoria que não merecem viver. 
Quando as pessoas, inclusive das torcidas organizadas do Corinthians, vão começar a entender, que gente foi feita pra brilhar?

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