Na manhã desta terça-feira, 11 de dezembro de 2012, ocorreu uma manifestação do movimento de mulheres na Câmara Municipal de João Pessoa, por conta das declarações machistas e homofóbicas feitas pela vereadora Eliza Virgínia (PSDB), na semana passada, na tribuna da Câmara, num debate sobre a Lei "Maria da Penha", onde a parlamentar afirmou que "as secretarias de mulheres estão repletas de mulheres mal amadas e que não gostam de homens".
Confira abaixo a nota de REPÚDIO feita pelo PSTU sobre este assunto.
PSTU repudia declaração da vereadora Eliza
Virgínia (PSDB)
A vereadora Eliza Virgínia (PSDB)
protagonizou, na última quinta-feira, 06/12, na tribuna da Câmara Municipal de
nossa cidade, mais um episódio lamentável de agressão ao movimento de mulheres
de nosso Estado e de todo o país, quiçá mundial. A vereadora afirmou, segundo
várias matérias divulgadas nos portais de notícias de João Pessoa, que “as secretarias de mulheres estão repletas
de ‘mulheres mal amadas e que não gostam de homens’”.
A
vereadora Eliza Virgínia fez essa declaração absurda e completamente
desrespeitosa à luta das mulheres em uma sessão que debatia a Lei “Maria da
Penha”. Isso nos revolta ainda mais, pois num debate sobre a violência sofrida
pelas mulheres, muitas vezes praticadas por aqueles que elas julgam serem seus
“companheiros”, a vereadora tucana emite uma opinião preconceituosa como essa.
A
vereadora Eliza Virgínia aproveita-se de um antigo estereótipo consagrado pela
mídia burguesa para atacar, sem nenhuma justificativa, o movimento de mulheres.
E mais: ajuda a difundir tal estereótipo!
O
movimento de mulheres iniciou sua trajetória de luta quase que no mesmo período
em que passou a existir movimento operário em nosso planeta. O movimento
operário, desde seu nascedouro, lutou arduamente por melhorias nas condições de
vida e trabalho de nossa classe. Isso atingia diretamente as mulheres, que na
formação do capitalismo, eram a principal mão de obra explorada pelos patrões,
juntamente com as crianças. Esse pedaço da classe trabalhadora mundial tinha
jornadas de trabalho exaustivas, de cerca de 12 a 14 horas por dia. E tudo isso
sem nenhum direito trabalhista, como férias, repouso semanal remunerado e
tantos outros direitos trabalhistas adquiridos ao longo da luta de nossa classe.
As mulheres, neste processo, foram decisivas para a conquista desses e outros
direitos. Não custa também lembrar que as mulheres, em período de guerras,
foram fundamentais para manter a produção capitalista. Durante a Revolução
Russa, as mulheres cumpriram um papel extraordinário na luta pelo socialismo e
na construção de um novo modelo de sociedade, onde estas conseguiram direitos
que até então eram inimagináveis, mesmo nos países capitalistas desenvolvidos.
Direito ao seu próprio corpo e assim definir como seria feito o planejamento
familiar, direito ao aborto, ao divórcio e tantos outros.
No
Brasil, assim como em outros países, as mulheres produziram, ao lado do
movimento operário, grandes lutas de nossa classe. Conquistaram o direito ao
voto na década de 30 do século passado, lutaram pela bandeira “O petróleo é
nosso”, que resultou na criação da Petrobras, contra a ditadura militar e pelas
eleições diretas em 1984, entre tantas outras lutas. Apesar disso, as mulheres
continuam relegadas pelo sistema a uma condição subalterna, apesar de serem
maioria em nossa sociedade.
Isso
se traduz no fato de as mulheres ainda ganharem menos do que os homens, mesmo
exercendo a mesma função; no racismo às mulheres negras, que são vistas como
mero objeto sexual; na homofobia descarada às lésbicas, tratadas como seres de
outra espécie. Todo esse preconceito é reproduzido em nossas escolas, nos
postos de saúde, em qualquer lugar de nossa sociedade. O pior é que isso
encontra eco naqueles que deveriam trabalhar para garantir mais direitos à
nossa classe e rejeitar a disseminação do preconceito, que são os parlamentares
eleitos pelo povo.
A
declaração da vereadora Eliza Virgínia (PSDB) é um ataque brutal à luta de
todas as mulheres lutadoras de nossa cidade, Estado, país e do mundo. O PSTU se
solidariza com a luta das mulheres, ao mesmo tempo em que REPUDIA
veementemente a infeliz afirmação da vereadora, ao mesmo tempo em que chama
todos e todas que apoiam a luta de nossas mulheres a fazermos uma grande
manifestação em frente à Câmara Municipal de João Pessoa, para exigirmos uma
retratação da vereadora, além de acreditarmos devem ser tomadas outras
providências em relação `a postura preconceituosa da vereadora Eliza Virgínia.
DIREÇÃO ESTADUAL PARAÍBA
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