Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Um raio X da educação pública paraibana e pessoense




O MEC, junto com o INEP, acaba de divulgar pela imprensa nacional o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) do nosso país, desde os anos iniciais - 1º a 4ºano - até chegar ao Ensino Médio, passando pelos anos finais do Ensino Fundamental. A conclusão é preocupante, no que diz respeito à Paraíba e, em particular, para nossa capital, João Pessoa. 
Esta divulgação feita pelo MEC primeiro elenca as melhores escolas públicas do país. Nas séries inciais (1º ao 4º ano), são selecionadas as 20 melhores e, nas séries finais, outras 30. Dessas 50 selecionadas, NENHUMA da Paraíba, nem nos anos iniciais e tampouco finais. Entre as 20 melhores dos anos iniciais, 4 são do Ceará, todas municipais; entre as 30 dos anos finais, 7 escolas de 4 estados (BA, SE, PE e CE), sendo que destas 5 são da rede federal de ensino, 1 estadual e 1 municipal. A melhor escola pública do país nas séries iniciais é a Carmélia Dramis Malaguti, da cidade Itaú de Minas, com um Ideb 8,6 e pertence à rede municipal de ensino; já entre os anos finais, a melhor escola pública do país é o Colégio de Aplicação do CE da UFPE, localizado em Recife, com um Ideb 8,1 e pertence à rede federal de ensino. Notem que nos dois casos não figura em 1º lugar nenhuma escola da rede estadual de ensino!
Comparando esses números com os da Paraíba e João Pessoa, a situação é preocupante, como já afirmamos inicialmente. A melhor escola pública de nosso Estado no quesito anos iniciais está situada na cidade de Várzea, alto sertão paraibano e uma das cidades mais pobres do Estado, tendo-se como referência o PIB. A escola chama-se Sandoval Rubens de Figueiredo e pertence à rede municipal de ensino, com um Ideb 6,6; já nos anos finais, a melhor escola pública da Paraíba situa-se em João Pessoa, e é o Instituto D. Adauto, com um Ideb 5,3. Nos dois quesitos apontados pela investigação do MEC/INEP,  a melhor escola municipal de João Pessoa é a EMEF Aruanda, localizada nos Bancários. Tanto nos anos iniciais quanto finais, ela desponta em primeiro lugar na rede de ensino de nossa capital, com um Ideb 6,3 e 5,2, respectivamente.
Esses números mostram a distância educacional que separa a Paraíba do resto do país. Comparando a melhor escola pública do país (nos anos iniciais) com a melhor escola pública da Paraíba, a diferença é muito grande (8,6 contra 6,6, respectivamente); nos anos finais, a distância permanece grande (8,1 contra 5,3, respectivamente). Pegando a capital, a distância de nível permanece semelhante ao quadro estadual. A melhor escola pública municipal de João Pessoa tem um Ideb de 6,3 contra 8,6 no plano nacional, entre os anos iniciais. Quando vamos para os anos finais, a diferença aumenta (5,2 contra 8,1 no plano nacional). É um absurdo!!!
Mais do que absurdo, isso comprova  o descompromisso de todos que já passaram pela Prefeitura de João Pessoa e pelo Palácio da Redenção. O descompromisso com a educação, com os professores/as e, principalmente, com o futuro de nosso Estado, nossos jovens. Descompromisso que se caracteriza por um governador que, vindo dos movimentos sociais, trata a educação como caso de polícia, perseguindo e maltratando os trabalhadores da educação e, por tabela, os alunos e alunas da rede pública.
Como explicar que Várzea, um dos municípios mais pobres de nosso Estado, tenha a melhor escola pública da Paraíba? Como explicar que a melhor escola estadual da Paraíba tenha um Ideb que não consegue ficar entre os 20 melhores do país, entre os anos iniciais? Como explicar que a melhor escola paraibana não consiga ficar entre os 30 primeiros nacionais, entre os anos finais? Essas perguntas também valem para a rede de ensino de nossa capital.
Sem pretender desmerecer o município de Vaárzea, o problema disso tudo é que a educação em João Pessoa, a partir de 2005, quando o PSB chegou ao poder municipal, sempre foi tratada como a "pérola da administração municipal". Criou-se uma propaganda em torno da "qualidade" da educação em João Pessoa que isso se repetiu como um mantra, chegando muito perto da máxima de Goebells, chefe da propaganda nazista no início do século passado: "uma mentira dita mil vezes acaba virando verdade", afirmava o líder alemão. O projeto "Escola Nota 10", criado por Ricardo Coutinho enquanto prefeito e que continua em vigor até os dias atuais, estabeleceu uma verdade absoluta na educação municipal de João Pessoa que poucos têm a coragem de contestar. Dentre esses, este que vos escreve essas linhas!
Os números do MEC/INEP comprovam, definitivamente, a falácia e a falência do projeto educacional do PSB em João Pessoa e na Paraíba. Depois de todos esses anos, este projeto foi incapaz de fazer nossa educação evoluir de forma satisfatória. Tais números mostram também que é urgente construirmos um novo modelo educacional em João Pessoa e na Paraíba, pois senão nossa educação pública, que já se encontra em um abismo, chegará definitivamente a um buraco sem fundo, e aí sim estaremos IRREMEDIAVELMENTE perdidos!!!   

2 comentários:

  1. Prezado Antonio Radical, tenho acompanhado melhor o movimento político. E, um dos questionamentos que fiz ontem, foi exatamente sobre que candidato iria comentar as notas do IDEB.

    E, para minha surpresa, você comentou, e MUITO BEM.

    Também sou professor, servidor da ufpb, e tenho visto o descaso do governo, em todas as esferas públicas com a educação.

    Para a propaganda de certos candidatos, educar é dar um tablet para o aluno brincar... Desculpe-me, mas só os idiotas apóiam tal besteira.

    Parabéns pela sua campanha coerente, mostrando com fatos a realidade da nossa capital e do nosso estado.

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  2. Obg, Yuri, é muito bom saber que existem pessoas como vc,antenadas com o debate político que travamos em nosso estado e nossa cidade. Mais, uma vez, obg por suas palavras!!!

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