Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

A vitória de Bolsonaro, as igrejas neopentecostais e nossas tarefas no próximo período





No último dia 28 de outubro deste ano, Jair Bolsonaro foi eleito o mais novo presidente do Brasil e, com ele, sagrou-se vitorioso um setor expressivo da ultra-direita liberal deste país, com apoio de grupos expressivos das Forças Armadas brasileiras, que estão representadas não apenas na chapa do presidente eleito (seu vice é um general da reserva, Mourão, representante direto do reacionarismo deste setor), mas também está presente como um de seus "braços direitos" outro general da reserva, Augusto Heleno, recém-nomeado por Bolsonaro como Ministro do Gabinete da Segurança Institucional, que atuará direto com o mesmo, a partir de 1º de janeiro, quando da posse do presidente eleito. Bolsonaro já adiantou também que outro general ocupará o Ministério da Defesa e não mais um civil, como vinha sendo até então, inclusive no famigerado governo Temer.
Bolsonaro inaugura, com sua vitória, um novo capítulo na História do processo de redemocratização brasileira, inaugurada em 1985, com o fim da ditadura militar e ascensão (com eleição indireta) da dupla Tancredo Neves/José Sarney ao governo, naquela oportunidade. Por conta de problemas sérios de saúde, que o levaram à morte, Sarney assumiu o governo no lugar de Tancredo e assim ficou até 1990, quando então chegou ao governo, Collor (do então PRN), eleito um ano antes, numa disputa acirrada contra Lula (PT), na 1ª eleição presidencial após a ditadura militar, iniciada em 1964. Bolsonaro chega ao Planalto Central com um discurso reacionário, defendendo a ditadura militar, a tortura e seu principal algoz, o coronel Ustra (já falecido) e uma série de preconceitos e discriminações contra mulheres, negros/as e LGBTs, sem falar nos ataques contra a classe trabalhadora como um todo. Construiu toda sua campanha no  ódio ao PT e, por tabela, contra a esquerda por inteiro e contou, para isso, com o apoio substancial de setores expressivos da população, como boa parte da classe trabalhadora (para não falar do operariado) e das igrejas evangélicas, destacando-se aí os "neopentecostais". E é aí que queremos fazer um diálogo acerca disso.
Muitos setores reformistas, que apoiaram o PT e até mesmo o PSOL na recém-concluída campanha eleitoral, ainda hoje fazem um discurso raivoso e, na minha modesta opinião, desprovido de autocrítica e recheado de paixão, jogando grande parte da "culpa" pela derrota petista e, consequentemente, vitória de Bolsonaro, nos ombros dos "neopentecostais", através destes/as serem suscetíveis (segundo boa parte destas críticas) às orientações de seus pastores de plantão. Por mais que tal argumento seja verdadeiro, será que isso teria ocorrido com todos/as "neopentecostais", em todo o país??? Além disso, há um outro argumento, mais poderoso do que este, colocado pelo companheiro Atnágoras, da Executiva Nacional da CSP Conlutas, em recente plenária estadual da central na Paraíba, que trata-se do seguinte: durante os 13 anos em que o PT foi governo central, os "neopentecostais" foram base de sustentação deste governo. Sendo assim, porque, de repente, de uma hora para outra, este setor migrou do PT para o PSL??? Por que saiu de Lula/Haddad e foi cair nos braços de Bolsonaro??? Há que se ter uma explicação. Há que se investigar, a fundo, o porquê desse descolamento. Com isso, queremos dizer: é preciso que o PT e seus "satélites" de plantão façam autocrítica. É bom e não dói. 
Por fim, é hora de pensar no próximo período que teremos de enfrentar. Bolsonaro e seu parceiro de plantão, Paulo Guedes, estão avisando o tempo todo que irão fazer (pelo menos, querem isso) a "reforma da previdência". E nos sistema de capitalização, à la Chile. Ou seja, se a proposta de Temer era ruim, a de Bolsonaro/Guedes consegue pior. Portanto, a hora é de reunir as forças com todos/as que desejam lutar contra este ataque que virá de Brasília contra nossa classe. Mas, precisamos mais do que isso. Precisamos construir uma FRENTE ÚNICA contra este governo, que com certeza, reunirá a burguesia nacional e internacional contra nós, para destruir todas as nossas mínimas conquistas. Para que isso não aconteça, precisamos da unidade de  nossa classe nas mais elementares bandeiras de luta, como por exemplo: 
- Contra a "Reforma da Previdência";
- Contra o fim do Ministério do Trabalho;
- Não ao "Escola Sem Partido";
- Contra a criminalização dos movimentos sociais;
- Em defesa da liberdades democráticas;
- Contra as privatizações;
- Contra a opressão, preconceito e discriminação de mulheres, negros/as e LGBTs.

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