Anda circulando, na propaganda eleitoral do candidato Ricardo Coutinho (PSB), à Prefeitura de João Pessoa, um vídeo do ex-presidente Lula (PT), em que este defende efusivamente o ex-governador paraibano, classificando-o como "o melhor governador da Paraíba" e chama todos e todas a, no próximo dia 15 de novembro, votarem no "mago" para, mais uma vez, governar a "Cidade das Acácias", repetindo o feito pela legenda do PSB em 2004.
Não seria nada demais, já que Lula, em nome do PT, chamou o voto em vários candidatos do PSB e de outros partidos em outras eleições, em João Pessoa e outras cidades e estados do país, em anos anteriores. Porém, nesta eleição de 2020, em João Pessoa, há uma diferença peculiar: o PT tem candidato e chama-se Anísio Maia e, pelo menos desde 16 de setembro deste ano, há uma feroz briga política, judicial e eleitoreira entre PT e PSB por conta disto, chegando ao ponto da Direção Nacional do PT ter decidido intervir no PT/JP em 14 de outubro do corrente ano e, desde o dia seguinte à esta decisão, o partido da "terrinha" está sendo dirigido por uma Comissão Interventora, que tem à frente o advogado Cícero Gregório Legal, ex-assessor do ex-deputado federal e ex-secretário do governo da Paraíba, Luiz Couto (que, por sinal, foi apoiado por Anísio Maia em eleições passadas).
A fala de Lula revela, por um lado, a divisão interna que existe no PT acerca da orientação partidária nestas eleições, aonde claramente verifica-se existir duas partes muito nítidas no interior da legenda: uma, que segue a determinação do partido municipal de João Pessoa e, portanto, a candidatura de Anísio Maia à PMJP; e outra, que apoia a linha determinada por Gleisi Hoffmann e a nacional do partido, de que o correto é apoiar a candidatura do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) e "esquecer" a candidatura do partido na capital, daí a razão de ser do vídeo da maior liderança do partido em nível nacional e até mesmo internacional, Lula, chamando o voto no "companheiro Ricardo Coutinho".
Chamam a atenção nesta polêmica dois detalhes: 1) Anísio Maia sabe tanto do peso que Lula possui para uma campanha. especialmente na reta final de uma, que também coloca falas dele em seu guia eleitoral com o líder político chamando votos ao PT e, consequentemente, à sua candidatura; 2) Anísio Maia, como vários outros petistas ligados a ele, não comenta a intromissão de Lula nesta reta final do processo eleitoral em João Pessoa, em favor de Ricardo Coutinho (pelo menos, publicamente). Ele critica a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, demais dirigentes do partido, mas mantém Lula numa postura quase que intocável.
Esta postura de Anísio Mais e demais petistas, em relação a Lula, por conta de suas atitudes verificadas ao longo do tempo, servem apenas para alimentar tais posturas do presidente de honra do petista. É desta maneira que ele continua a ser uma figura como inatingível - quando não é -.
A atitude de Lula neste vídeo de apoio a Ricardo Coutinho é tão somente a atitude da Direção Nacional do PT que, em 14 de outubro deste ano, sacramentou a intervenção do partido em prol de Ricardo Coutinho e do PSB, contra a base do próprio partido em João Pessoa, que referendou a candidatura de Anísio Maia à Prefeitura de João Pessoa. Lula, assim, assina embaixo o autoritarismo e a prática burocrática de Gleisi Hoffmannn e companhia, sem falar que não dá a mínima para as denúncias da "Operação Calvário" contra Ricardo Coutinho, reveladas pelo Ministério Público e Gaeco.
Até quando Anísio Maia e toda a galera que o acompanha no interior do PT farão questão de não perceber tudo isso que envolve Lula e o conjunto da direção de seu partido??? Tudo isso está muito claro, só Anísio Maia e esse pessoal não querem ver. E pior: fazem de tudo para os outros não verem também!!!
Acredito na força da União das esquerdas em detrimento das vontades partidárias regionais. Não sou cientista política, nem rezo nenhum credo pontual a não ser a vontade explícita de derrubadar a força estruturada da direita e da extrema direita q a cada dia se instala nas entranhas da nação brasileira. O momento deveria ser de convergência, não de divergência das forças políticas q desejam um país voltado para o bem-estar da sociedade.
ResponderExcluirCara Nadilza, obrigado por sua participação e resposta. Sua vontade de derrotar a "força estruturada da direita e da extrema-direita" é tb a nossa vontade, para isso atamos politicamente há mais de 30 anos na esquerda socialista de nosso país. Porém, é preciso perceber que as divergências políticas na esquerda possuem uma razão de existir, precisa-se analisar melhor isso, ok???
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