Há 437 anos, em 05 de
agosto de 1585, a Paraíba passava a existir enquanto Cidade de Nossa Senhora
das Neves após uma batalha empreendida pelos portugueses contra os indígenas
que habitavam a região; depois, este nome modificou-se para Parahyba por algum
tempo e, em 1930, após o assassinato do então presidente da província (nome
dado ao governador de Estado na época), seu nome passou a ser João Pessoa, como
é até os dias atuais. Evidente que estamos fazendo uma síntese mais do que
sintética dos acontecimentos ocorridos nestes mais de 4 séculos que se passaram
nesta cidade. O nome “paraíba”, de origem tupi, tem significados controversos
mas, o mais aceito entre os estudiosos, é “rio de navegação difícil”. Sobre o
nome da cidade, dentre os três mais famosos que existiram ao longo de sua
existência, prefiro o segundo e o que durou mais tempo:
PARAHYBA, assim
mesmo, com
HY. E podem ter certeza, não estou sozinho nessa defesa!!!
A capital de todos/as paraibanos/as e de vários/as imigrantes
(nacionais e internacionais) possui várias belezas, naturais ou não). Dentre
elas, destacam-se os ipês amarelos que florescem no Parque Solon de Lucena, na
Lagoa, a cada primavera; o conjunto arquitetônico da Igreja São Franciso ou do
Mosteiro de São Bento, na cidade antiga; as praias, urbanas e do restante do
litoral, seja ao Norte ou ao Sul, em destaque a de Tambaba, famosa
internacionalmente por conta do naturismo; há que se destacar também o Vale dos
Dinossauros, em Sousa, no sertão paraibano, pela riqueza de sua história, apesar
de não estar tão bem conservado assim atualmente; e não podemos deixar de citar
a Itacoatiara (ou a Pedra do Ingá, como também é conhecida), igualmente rica em
história. Enfim, a Paraíba tem muitas riquezas naturais ou não a serem
exploradas, visitadas e vistas e, consequentemente, a encantar a quem as
visite.
Alguém pode estar se perguntando por que não citei o mais
famoso cartão postal de nossa Paraíba no parágrafo anterior, a Ponta do Seixas.
Não a esqueci, afinal esta é – ainda – o ponto mais oriental das Américas. Mas,
deixei para falar agora porque esta beleza natural paraibano é, também, um dos
mais desprezados há muito tempo por nossos governantes de plantão e está
simplesmente desaparecendo, ao ponto de, em locais como o Rio Grande do Norte,
setores já considerarem a capital potiguar como o “ponto mais oriental das
Américas”. E, porquê isso???
A decadência da Ponta do Seixas é apenas mais um ponto triste
dos muitos problemas que existem em nosso Estado atualmente. Este é, na nossa opinião,
o principal problema ecológico que temos há vários anos, aprofundado
particularmente após a construção da Estação Ciência no espaço que antes era
destinado a um parque natural chamado “Bosque dos Sonhos”, que ocupava cerca de
5ha naquela área e que foi desmatada, na ocasião, para dar lugar ao equipamento
público citado anteriormente e que – coincidência ou não -, depois de sua
existência no local, a falésia do Cabo Branco acelerou sua erosão e todos os
problemas decorrentes disso (como a interdição daquela área até hoje)
continuam. Tais fatos iniciaram no governo do então prefeito Ricardo Coutinho
(na época, no PSB) e permanecem sem solução, com os prefeitos posteriores –
Luciano Cartaxo (PT, depois PSD e, por fim, PV) e, agora, Cícero Lucena (PP) -.
Todos estes, sem exceção, fizeram e fazem a mesma coisa em relação a esta
questão: empurram a solução do problema com a barriga. Dizem que o caso com o
IBAMA, que diz que o problema é da SUDEMA, que manda o caso de volta para a
Prefeitura. E, neste jogo de empurra, João Pessoa vai perdendo sua principal
beleza natural!!!
Além disso, a Paraíba e João Pessoa tem outros graves problemas.
Segundo o Boletim Desigualdade nas Metrópoles, elaborado pelo
Observatório das Metrópoles, em parceria com a PUC/RS e Observatório da Dívida
Social (RedODSAL), João Pessoa é uma das cidades mais desiguais do país, social
e economicamente. Menos de ¼ da sua população vivia com 24,5% do salário mínimo
no 1º trimestre de 2020 – o que representava R$ 261,25 -; além
disso, no mesmo período, os 10% da distribuição de renda ganhavam (em média), 29,6
vezes mais do que os 40% mais da base da distribuição de renda; um ano
depois, no 1º trimestre de 2021, esses mesmos 10% da distribuição de renda
passaram a ganhar, em média, 42,3 vezes mais do que os 40% mais da base
da distribuição da renda. Um aumento considerável da concentração de renda em
plena pandemia do coronavírus. Em relação à cesta básica, João Pessoa
tem uma das mais caras do país, com seu valor custando cerca de 50% do atual
salário mínimo – R$ 586,73 -, sofrendo um aumento de 18,35%
em 12 meses, segundo pesquisa feita pelo DIEESE em junho deste ano.
Um outro dado que revela um
grave problema paraibano é o fato de que, em nosso Estado, segundo a PNAD
Contínua, pesquisa feita pelo IBGE, a Paraíba possuir a segunda maior taxa de
analfabetismo do país – 16,1% -. Quando verificamos o mesmo percentual
na taxa de analfabetismo funcional, esse número chega a cerca de 50% da
população paraibana. Um absurdo em pleno século XXI!!!
Por fim, mais alguns dados
assustadores sobre a situação da Paraíba em nossos dias. Num país que possui
mais de 33 milhões de pessoas passando fome, temos cerca de 80 mil
famílias paraibanas passado por esta mesma situação; quando verificamos
o drama do desemprego, observamos que o número percentual alcança pouco mais de
14% enquanto na informalidade, este número é de mais de 50%. Números
que revelam o tamanho da crise por que passam os/as trabalhadores/as da
Paraíba, João Pessoa e do Brasil atualmente.
Saudamos a cidade de João
Pessoa por mais um aniversário. Mas, não podemos nos esquecer que, ao lado de
uma cidade recheada de locais bonitos e agradáveis para se ver, viver e curtir,
há também uma cidade cheia de questões a serem resolvidas para que os/as trabalhadores/as
possam, definitivamente, tomar conta de SUA cidade.