Flamengo, sim.
Violência contra a mulher, jamais!!!
Antonio
Radical e Tanque,
De João
Pessoa/PB
A nossa
paixão pelo "Mais Querido do Brasil", não se coloca no campo do
absolutismo. Somos sim torcedores do Mengão, mas também somos contra práticas
discriminatórias, como as feitas pelo machismo, racismo e/ou homofobia.
O
futebol, que é um esporte de massas, vivencia constantemente casos de forte
discriminação. Vários jogadores africanos e latinos sofrem constantemente
agressões racistas até mesmo das suas torcidas na Europa; aqui no Brasil em
jogos com nossos hermanos também já foram denunciados casos de jogadores dentro
de campo se utilizando de xingamentos racistas na tentativa de desestabilizar o
oponente.
Fora dos
gramados existem inúmeros casos de jogadores reproduzindo violência contra
mulheres. O atacante da seleção brasileira, Robinho (ex-Santos), atualmente no
Milan, foi acusado de estupro em 2009 na Inglaterra (quando atuava pelo
Manchester City) em um clube noturno da cidade de Leeds. Marcelinho Paraíba, em
novembro de 2011, foi detido em Campina Grande por tentativa de estupro e está
respondendo a processo por isso. Adriano o “Imperador”, um dos ídolos da massa
rubro-negra, em 2010 mandou amarrar a sua noiva Joana Machado a uma árvore na
favela da Chatuba no Rio de Janeiro, e depois do caso ter tido repercussões
internacionais o então goleiro Bruno saiu em defesa do amigo com a seguinte
frase: "Quem nunca saiu na mão com a
mulher?"
O
Flamengo viveu um processo semelhante recentemente quando seu goleiro na
época, Bruno, foi acusado e preso por ter participado do assassinato de Eliza
Samúdio, que tinha um filho deste. O caso ganhou repercussão nacional, por
conta da violência dos atos praticados contra Eliza até sua morte.
Misteriosamente, até hoje, seu corpo não foi encontrado.
Na
ocasião, anunciou-se que o Flamengo havia suspenso o contrato com o goleiro.
Agora, passados alguns anos do ocorrido, circula em vários portais a notícia de
que Bruno pode ganhar um habeas
corpus e, assim, retornar ao
Flamengo, vestindo mais uma vez sua camisa. O pior é que essa possibilidade
ganhou eco no clube, com alguns dirigentes rubro-negros.
Mais
espantoso é perceber a passividade da presidente do CRF, a ex-nadadora Patrícia
Amorim, que até o momento não veio a público dar uma palavra sobre o assunto, o
que mostra a força do machismo no interior do Flamengo, que reproduz em níveis
menores a pressão machista que existe em nossa sociedade, que ainda perduram.
Isso
está diretamente relacionado ao que ocorre - ou não ocorre, por sinal - da
política nacional implementado pelo governo federal, especialmente na era
Dilma, a respeito da situação das mulheres neste país. Tal política, apesar do
discurso oficial, não corresponde à verdade.
Como bem
colocam as companheiras Vanessa Portugal e Vera Lúcia, militantes do PSTU, em
um artigo sobre a condição das mulheres brasileiras sob o governo Dilma, "No Brasil, há
cerca de 97 milhões de mulheres. Elas compõem quase metade do mercado de
trabalho, mas são a minoria entre aqueles que possuem carteira registrada. Uma
grande parcela delas trabalha sem contrato de trabalho, fazendo bicos. Só um
terço trabalha em empregos formais, especialmente nas áreas de saúde e
educação, sendo que são a maioria entre os servidores públicos. Ocupam, em
todas as esferas do mundo do trabalho, os piores postos, os mais desvalorizados
socialmente e os que pagam os menores salários, por exemplo, costureiras,
empregadas domésticas, manicures. Por isso, são a maioria das que ganham até um
salário mínimo. E, por falar em salário, em particular, ganham em média 33%
menos que um homem para exercer uma mesma função". Isso mostra que a situação salarial
de nossas mulheres brasileiras não mudou no governo da 1ª mulher presidente do
país. Infelizmente, as notícias ruins para as mulheres brasileiras não param
por aí.
No governo Dilma,
a violência contra a mulher continua e, infelizmente, num ascenso muito
preocupante, apesar da lei Maria da Penha. Para se ter uma ideia do que
representa isso, antes do governo Dilma, haviam 10 assassinatos de mulheres por
dia em todo o país. Tal estatística não mudou com uma mulher presidente.
Tais fatos se
explicam nos cortes orçamentários feitos nos dois primeiros anos de governo
Dilma, que somam mais de R$ 105 bi. Esses cortes afetam, sobretudo, as áreas
sociais, que são o suporte fundamental para a vida da classe trabalhadora
brasileira, e as mulheres como maioria da população, acabam sendo as mais
afetadas. Afinal de contas, os cortes no orçamento feito por Dilma atingem a
educação, saúde, moradia, transporte. Isso repercute, por exemplo, na falta
gigantesca de creches para as mulheres trabalhadoras, que seguem enfrentando
uma dura realidade de conciliar trabalho e um local seguro onde possa deixar
seus filhos para poder garantir sua sobrevivência e a de seus filhos. Mesmo
após o anúncio do lançamento do programa de creches, é bem provável que tal
situação persista, prejudicando sensivelmente a condição de vida das
mulheres.
É todo esse
somatório de coisas que faz com que o machismo avance na sociedade brasileira. NÃO EXISTE UMA POLÍTICA GOVERNAMENTAL QUE PROMOVA UMA LUTA FRONTAL CONTRA
O MACHISMO. É isso que faz com que se abra a possibilidade da soltura de
um Bruno da prisão e, mais, que este volte a vestir a camisa do Flamengo.
Nem Dilma nem
Patrícia Amorim se colocam, de forma efetiva, nesta luta contra o machismo,
refletindo assim a dificuldade que as mulheres em todo o Brasil têm de
denunciar as práticas machistas.
Sou rubro-negro de
coração, mas da luta contra o preconceito não abro mão, só com a construção do
socialismo é que teremos condições reais de termos uma sociedade sem qualquer
forma de preconceito inclusive nos esportes.
TORCER
PELO FLAMENGO, SIM!
COLABORAR
COM A VIOLÊNCIA CONTRA
A MULHER, JAMAIS!