Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

Reunião do Soviet de Petrogrado em 1917

A Revolução Russa: expressão mais avançada de uma onda revolucionária mundial.

Diretas Já

Luta por dias melhores

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

PSOL NO BRASIL E NA PARAÍBA: UMA CARACTERIZAÇÃO NECESSÁRIA

 

    


    


    No dia 19 de agosto próximo passado, celebrou-se o Dia do/a Historiador/a, aquele/a profissional que estuda e pesquisa nosso passado histórico para, com base nos dados obtidos, nos fornecer uma explicação do nosso passado e de porquê nos encontramos desta maneira no presente e podermos, assim, projetarmos algo para nosso futuro que se avizinha. Como professor de História, formado pela UFPB em 1997 (com muito orgulho, diga-se de passagem), que é o profissional encarregado de pegar estes dados pesquisados e colhidos pelo/a historiador/a através de seu profícuo trabalho e, consequentemente, de repassá-los aos/às alunos/as em nossas escolas, nos sentimos em dado momento, a fazer este trabalho não apenas para as pessoas em geral, mas para um público específico, no caso em tela, os militantes organizados de esquerda (alguns, pelo menos) que insistem em sofrer de APP – Amnésia Política Proposital -, e pior, de contaminar outras pessoas com esta doença.

       Fizemos este preâmbulo para iniciarmos, com este artigo, uma série de outros artigos que faremos sobre as eleições municipais deste ano, seja no Brasil, seja na Paraíba. De início, começaremos analisando alguns partidos políticos que estão nesta disputa, do campo da classe trabalhadora, que é o que nos interessa. Depois, analisaremos algumas disputas municipais que estão se desenrolando.

      Começaremos esta série com o PSOL, um partido que vem sendo muito debatido no último período. Veremos, ao final do artigo, como em apenas 20 anos de existência, o PSOL conseguiu se transformar da “água para o vinho”, como diz o relato bíblico.

       O PSOL surge em 2004, na esteira das lutas da classe trabalhadora, em especial dos servidores públicos federais, que passaram 8 anos de suas vidas sofrendo (literalmente) com as ações do nefasto e entreguista governo FHC – apoiado, naquela ocasião, pelo então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, na época do PSDB, hoje, vice de Lula, apoiado pelo PSOL – e, no Congresso Nacional, 4 parlamentares do PT (a senadora Heloísa Helena e os deputados Babá, João Fontes e Luciana Genro, representando Alagoas, Pará, Sergipe e Rio Grande do Sul, respectivamente) discordavam das orientações das lideranças do governo Lula tanto no Senado quanto na Câmara dos Deputados e, com o tempo, do próprio governo, fazendo com que isso culminasse num processo de ruptura destes com o PT, fazendo com que estes fossem expulsos do partido e fundassem, alguns meses depois, o PSOL. Portanto, o PSOL surge de uma insatisfação legítima com os rumos do governo Lula, ainda no seu 1º mandato, mas com a limitação de ser de dentro do parlamento. Por conta dessa limitação no seu nascedouro, os deputados que estavam a romper com o PT e afirmavam na época que não pretendiam “boicotar o governo Lula” (https://movimentorevista.com.br/2023/12/20-anos-do-dia-dos-radicais/).

         Porém, em junho de 2022, uma série de militantes do PSOL publica uma carta de ruptura com o partido onde, neste documento público, faz sérias avaliações sobre a condução do partido e chega a registrar uma grave acusação contra a direção nacional do PSOL. Nesta carta de ruptura, os antigos militantes afirmam, textualmente, que “....A direção do PSOL abandonou seu programa, aliando-se a setores inimigos da nossa classe; abandonou seu método político e suas ferramentas de deliberação formal; destruiu a estratégia de nucleação como ferramenta de capilarização social e política, abandonando assim o grande contingente de militantes do partido; ignorou sistematicamente as deliberações e resoluções dos setoriais para apresentar posições políticas contrárias às debatidas no partido; abriu um processo de supressão da proposta histórica do partido com a formação de uma federação com a Rede, sem nenhum debate, sem chamar nenhuma instância maior do que o castelo de cartas marcadas da direção nacional, e, por fim, abriu um processo de silenciamento coletivo de todas as posições diferentes dentro do partido. A direção rompeu com o método, com o programa e com as políticas históricas do PSOL”. Com isso, admitem adiante que “...É hora de buscar novos rumos”.

      Alguns militantes mais reticentes podem afirmar que tais críticas ao PSOL são coisas antigas, do passado, típicas de inveja de pessoas com o crescimento do partido no último período. Para estes/as, vamos para os dias atuais, já que eles não se contentam com o exemplo histórico.

       Em São Paulo, na atual campanha à Prefeitura da capital mais importante do país, o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, chamou para compor sua equipe de elaboração de programa o coronel da reserva, Alexandre Gasparian, ex-chefe da ROTA – Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar -, grupo da PM/SP criado no regime militar especializado em reprimir com violência e truculência as manifestações populares e da classe trabalhadora. Não à toa, o programa de governo de Boulos para a Prefeitura de São Paulo propõe dobrar o efetivo da GCM paulistana. E o preto, pobre e que mora na periferia desta cidade sabe perfeitamente o que isso significará: mais repressão e morte para esta galera. Simples assim.....

        Se você acha que esse tipo de situação ocorre apenas em São Paulo, está redondamente enganado. Na Paraíba, NÃO é diferente. Matéria do site do “Jornal da Paraíba” revela, em sua manchete, uma contradição do PL em nosso Estado, mas quando lemos detidamente a referida matéria, percebemos que a contradição pertence também ao PSOL, que se reivindica um “partido de esquerda”. Eis o link da matéria: https://jornaldaparaiba.com.br/politica/alem-de-pt-pl-tem-coligacoes-com-federacao-psol-rede-em-cidades-da-paraiba. Como vocês poderão ver, o PSOL na Paraíba está coligado em Mamanguape a partidos como PL, PSD e MDB, dentre outros; e, em São José de Piranhas, junto de PL e Republicanos. E isso se dá numa conjuntura em que o PSOL aprovou uma resolução de tática eleitoral para 2024 que diz, entre outras, que “Prioridade na unidade de esquerda e centro-esquerda para derrotar o Bolsonarismo; buscando sempre que possível liderar a unidade ou garantir melhores condições para o PSOL na disputa majoritária com a vice”; “Onde não for possível unidade, lançar candidaturas do PSOL que posicionem o partido prioritariamente contra a direita ou extrema-direita”. Foi com base neste discurso, “de combater e derrotar a extrema-direita” em João Pessoa que o dirigente estadual do PSOL/PB, Tárcio Teixeira, fez de tudo para o partido abandonar a candidatura própria de Celso Batista à PMJP e passar a apoiar a candidatura de Luciano Cartaxo, do PT. Parece que Tárcio não conseguiu convencer seus companheiros de partido em Mamanguape e São José de Piranhas a "combater e derrotar a extrema-direita"......

       Como afirmamos no início do artigo, o PSOL, foi construído há 20 anos para ser um partido diferente do PT. Hoje, não apenas está junto e misturado ao PT como, em vários momentos, chega a ser uma “corrente externa” do PT (ou um “puxadinho”, como dizem alguns, de forma pejorativa). De todo modo, o PSOL de hoje não tem nada a ver com o seu sentimento na época de fundação. É outro PSOL, é outro partido. Só não vê quem não quer...........

sábado, 31 de dezembro de 2022

Para onde vai o PT???





Neste domingo, 1º de janeiro de 2023, Lula e o PT começam oficialmente seu novo governo, o 3º desde que assumiu o Palácio do Planalto em 2003. Isso depois de uma eleição muito atribulada e definida no 2º turno com uma diferença de apenas 1,8% (ou 2.139.645 votos) de seu adversário, o então presidente Jair Bolsonaro (PL), que tornou-se o primeiro presidente a NÃO conseguir a reeleição, em nossa história recente. 
Lula chega ao Planalto nesta nova empreitada política após conseguir uma aliança inusitada e surpreendente para a maioria das pessoas, colocando o ex-tucano e ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, filiado ao PSB, como seu vice nesta composição. Além disso, Lula e o PT conseguiram fazer uma aliança política com partidos da "esquerda oficial" e também da direita, como PCdoB, PV, SOLIDARIEDADE, PSOL, REDE, PSB, AGIR, AVANTE e PROS e também setores do MDB (como os  senadores alagoano e paraibano Renan Calheiros e Veneziano Vital, respectivamente, o governador do Pará Jáder Barbalho Filho, dentre outros) que, apesar de ter Simone Tebet (senadora por MS), apoiaram o candidato petista no 1º turno eleitoral. Já no 2º turno, esta aliança foi ampliada com a presença de Tebet, que ficou em 3º lugar na primeira fase da disputa presidencial e também do derrotado Ciro Gomes (PDT), além deste partido como um todo, além da candidatura causar divisões em partidos da direita, como União Brasil, dentre outros apoios que vieram no turno decisivo.
Isso faz com que Lula tenha composto um ministério para iniciar seu 3º mandato com a presença de vários partidos, além de pessoas sem nenhuma presença partidária. São 37 nomes para compor o 1º escalão deste novo governo, com uma divisão expressada da seguinte forma: 10 nomes do PT, 3 do MDB (incluindo Simone Tebet, que será ministra do Planejamento), 3 do PSB (incluindo o vice-presidente Geraldo Alckmin, que será ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), 3 do União Brasil 3 do PSD, e 1 nome do PDT, PSOL, REDE e PCdoB (cada). E, como afirmamos, 11 ministros/as que NÃO possuem filiação partidária, como José Múcio (ministro da Defesa), Margareth Menezes (ministra da Cultura), Ana Moser (ministra dos Esportes), Sílvio Almeida (ministro dos Direitos Humanos), Anielle Franco (ministra da Igualdade Racial) e Nísia Trindade (ministra da Saúde), dentre outros/as nomes.
Com esta composição, Lula define na prática que seu novo governo será de "unidade nacional", expresso várias vezes pelo próprio Lula em vários momentos da campanha eleitoral. Ou seja, Lula e o PT colocam novamente para milhões de trabalhadores/as de nosso país que governará, mais uma vez, "para todos", como se isso fosse possível.
A presença de alguns nomes neste ministério já revelam que esta afirmação de Lula e do PT é simplesmente frase bonita para enganar as pessoas. A indicação de Fernando Haddad (PT) ao Ministério da Fazenda passou por uma aprovação, ainda que não majoritária, do mercado financeiro com Simone Tebet no Ministério do Planejamento, tendo sob suas mãos o PPI (Programa de Parcerias e Investimentos), que é responsável pelas privatizações e concessões ao setor privado - apesar de Lula afirmar que não haverá privatizações em seu governo -; a presença  de Alckmin no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, agradando em cheio os grandes empresários do país; a participação do senador Carlos Fávaro (PSD/MT) no Ministério da Agricultura, representando setores importantes do agronegócio neste governo; a indicação de José Múcio (ex-conselheiro do TCU) no Ministério da Defesa, Múcio que começou sua carreira política na ARENA (partido da ditadura militar), depois do PDS e também do PTB, partidos que NADA têm a ver com as lutas da classe trabalhadora brasileira, tudo isso revela que o 3º mandato de Lula no Planalto tende a ser uma repetição - para pior - do que já ocorreu em seus dois outros mandatos. Teremos, provavelmente, uma cópia piorada neste novo governo de Lula e do PT.
Muitos pontos corroboram para afirmamos isso. Primeiro, no passado recente quando analisamos os governos anteriores de Lula,  verificamos que nestes, houve uma imensa ajuda financeira aos bancos e empresários do país, ao mesmo tempo em que Lula repassava algumas verbas aos setores explorados que, apesar de terem melhorado um pouco suas condições de vida, tudo isso não passou de migalhas oferecida pelo governo. Segundo, tudo isso foi possível nos dois primeiros mandatos porque havia uma conjuntura internacional muito diferente da que Lula (favorável a este) vai enfrentar a partir de janeiro/2023, onde vivemos (dentro e fora do país), uma situação de desemprego acelerado, distribuição de renda cada vez maior, aumentando o fosso entre ricos e pobres, destruição cada vez mais acelerada do meio ambiente, aumento exacerbado dos preconceitos,  discriminações e xenofobia contra mulheres, negros, LGBT's e imigrantes.
Tudo isso são características do quadro nacional e mundial que Lula e o PT enfrentarão a partir de 2023. Como este novo governo irá se comportar diante tudo isso, não temos bola de cristal para afirmarmos algo. Mas, diante das concessões já feitas a vários setores políticos antes mesmo de assumir - como o apoio do PT, PCdoB e PV - à reeleição do deputado federal e líder do "Centrão" à Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL), sem falar na grande articulação feita com partidos de direita (especialmente) para aprovar a PEC da Transição. Ao contrário do que muitos afirmam - como as principais lideranças do PSOL, PCdoB e o próprio PT -, esta PEC mantém o teto de gastos criado por Temer através da EC 95 e , com isso, "aponta para um remodelamento do que chamam de 'âncora fiscal', ou seja, um sistema que perpetua essa política econômica que drena recursos do país, e da classe trabalhadora, para os grandes banqueiros" (https://www.pstu.org.br/o-real-significado-da-pec-de-transicao/).
Concluímos reafirmando: NÃO POSSUÍMOS BOLA DE CRISTAL para prever o que será o governo Lula em seu terceiro mandato, mas um passado recente construído pelo próprio Lula e PT em anos anteriores nos levam a crer que NÃO teremos tempos alvissareiros, como vive afirmando Lula desde a campanha eleitoral.
Cenas dos próximos capítulos..............

 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Para onde vai o PSOL???







Nos últimos dias, antes de todas essas polêmicas criadas em torno das aprovações (ou não) da PEC da Transição, na Câmara dos Deputados, e do Orçamento Secreto, no STF, vem ocorrendo uma outra polêmica, no campo da esquerda socialista, que definirá os rumos de um partido e de toda uma militância não apenas em 2023 - ano do 1º novo governo Lula -, mas de todo esse conjunto nos próximos anos.

Trata-se da entrada ou não do PSOL na base governista do governo Lula, a partir de janeiro de 2023.

A polêmica teve início, nos portais de notícias, com a declaração da líder do PSOL na Câmara dos Deputados, Sâmia Bomfim (SP), que afirmou que o partido deve "se manter independente durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva" para, segundo a deputada psolista, "assegurar liberdade para liderar o debate de pautas ideológicas defendidas pelo partido" (https://www.poder360.com.br/congresso/psol-nao-deve-integrar-governo-lula-diz-samia-bomfim/) ao longo desses anos especialmente no Congresso Nacional. Sâmia "esquece" que o PSOL fechou uma federação com o partido burguês Rede, bancado pelo Itaú, e que isso dificultará - e muito - a defesa dessas "pautas ideológicas" defendidas por ela e pelo partido. Na prática, Sâmia Bomfim defende que o PSOL apóie o governo Lula, mas sem integrar sua base governista.

Após esta declaração, o novo peso-pesado do PSOL e "queridinho" de Lula, Guilherme Boulos (SP), rebateu as declarações da líder do partido na Câmara dos Deputados e afirmou defender que o partido integre a base do governo Lula e não fazer oposição a este ao lado dos bolsonaristas. Para Boulos, "quem vai fazer oposição ao Lula é o bolsonarismo, e não estaremos ao lado deles", afirmou o deputado federal mais votado de São Paulo nas eleições 2022 (https://politicalivre.com.br/2022/12/boulos-rebate-samia-e-diz-que-psol-nao-fara-oposicao-a-lula-ao-lado-de-bolsonaristas/#gsc.tab=0). Ainda segundo o líder do MTST e deputado eleito, "o governo será de frente ampla, e nós temos que disputar internamente espaços para puxar a agenda do país para a esquerda", concluiu Boulos (idem). O que Boulos NÃO fala é que essa esquerda que defende que o governo Lula é de "disputa" e que tem que disputar internamente cada vez mais espaços para puxá-lo à esquerda já está perdendo este jogo, vide o avanço do "Centrão" e de sua principal liderança, Arthur Lira (PP/AL) sobre o governo, garantindo apoio do PT, PCdoB e PV à sua reeleição na Câmara dos Deputados e jogando ainda mais pesado com o governo eleito para aprovar a PEC da Transição.

Em seguida às declarações de Boulos, as deputadas do PSOL, Talíria Petrone e Erika Hiton - do Rio de Janeiro e São Paulo, respectivamente -, também defenderam que o partido integre a base governista do PT e de Lula a partir de 2023. Segundo Talíria Petrone, "estamos entre aqueles que defenderam que o PSOL apoiasse a candidatura de Lula desde o primeiro turno. Com o fascismo não se brinca", concluiu a deputada; já a primeira deputada federal trans do país, Erika Hilton afirmou que "o PSOL tem a responsabilidade de defender o governo Lula contra qualquer tipo de golpismo e não fará oposição ao governo", afirmou a deputada federal eleita (https://politicalivre.com.br/2022/12/taliria-petrone-e-erika-hilton-defendem-que-psol-integre-a-base-de-lula/#gsc.tab=0). Para Erika Hilton, portanto, fazer oposição ao governo Lula é ser golpista. Qualquer semelhança com a posição de Boulos sobre isso NÃO é mera coincidência, na nossa avaliação!!!


Por fim, um artigo divulgado no site "Esquerda Online" revela a posição da direção da corrente interna do PSOL, conhecida como Resistência. É o artigo "Três táticas dividem a esquerda socialista", assinado pelo professor e dirigente político Valério Arcary. Neste, Arcary afirma existir três posições dentro da esquerda socialista acerca do futuro governo Lula. De acordo com o dirigente político da Resistência, as posições se dividem entre: 1) os que defendem a participação no governo Lula, como o "PSOL Popular" -aliança entre  as correntes internas "Primavera Socialista", liderada pelo presidente nacional da legenda, Juliano Medeiros, e "Revolução Solidária", liderada por Guilherme Boulos-; 2) os que defendem a construção da oposição de esquerda, como o PSTU; 3) os que defendem "a governabilidade de Lula, preservando a independência do PSOL", posição defendida pelas correntes internas Insurgência, Subverta e Resistência, dirigida por Arcary, numa aliança entre estas chamada de "Semente do PSOL".

Resumindo a polêmica do PSOL neste momento: ao contrário do que afirma Arcary, NÃO existem três posições (ou táticas, como melhor ele classifica) da esquerda socialista em relação ao governo Lula, mas sim apenas duas: participar do governo de "frente ampla e disputar internamente os espaços" para que  este governo vá a para a esquerda, como afirma Boulos ou construir uma oposição de esquerda, como vem chamando o PSTU  e outras forças políticas deste campo a partir de janeiro de 2023, com um programa da classe trabalhadora, a começar pela revogação das "reformas" trabalhista e previdenciária, encaminhadas pelos governos Temer e Bolsonaro e que vem causando enormes prejuízos aos/às trabalhadores/as de nosso país. A posição adotada pela Resistência e correntes internas do partido aliadas a esta, expressada por Arcary, relembra os áureos tempos do PSDB, famoso por ficar "em cima do muro" e, assim, não se comprometer com ninguém naquele momento. Mas, Arcary sabe que a luta de classes cobra, ainda que num futuro distante, a conta dessa postura vacilante perante a classe trabalhadora. Ele, com formação trotskista e morenista, sabe muito bem disso.

Em tempo: a reunião do PSOL que definirá se o partido deve ou não integrar a base do governo Lula ocorrerá neste sábado, 17/12 e, na minha modesta avaliação, creio que o PSOL não apenas decidirá por integrar a base do governo Lula como também indicará nomes a alguns cargos neste governo, a começar por ministérios, Cenas dos próximos capítulos.............

domingo, 23 de outubro de 2022

O acerto das pesquisas eleitorais na disputa presidencial




Faltando uma semana para o 2º turno das eleições para Presidente e Governador em vários Estados brasileiros, é crível perceber - até para o mais ferrenho bolsonarista - que boa parte dos institutos de pesquisas eleitorais vêm mantendo, até o momento, um "empate técnico" em suas amostragens do momento eleitoral por nos vivenciado. E isso vem ocorrendo desde o 1º turno do atual processo eleitoral, apesar dos descontentamentos e gritarias da "tropa bolsonarista", espalhada pelas redes sociais e que se inicia no comitê de campanha de Jair Bolsonaro (PL).
Pegando os três principais e mais conceituados institutos de pesquisas do país - Datafolha, Ipec e GenialQuaest - os últimos resultados apresentados por estes apresentaram o "empate técnico" revelado por nós acima.
O Datafolha, em pesquisa divulgada em 19/10, apontou que Lula (PT), estava com 52% dos votos válidos, enquanto Bolsonaro (PL), tinha 48% destes votos válidos; o Ipec, em pesquisa divulgada em 17/10, revelou que Lula (PT), estava com 54% dos votos válidos, enquanto Bolsonaro (PL), tinha 46% destes votos válidos; e o Genial/Quaest, em pesquisa divulgada em 19/10, revelou que Lula (PT), estava com 47% das intenções de voto , enquanto Bolsonaro (PL), tinha 42% destas mesmas intenções de voto.
Apesar disso, parlamentares ligados ao presidente Bolsonaro (PL) protocolaram na última sexta-feira, 21/10, na Câmara dos Deputados, um pedido de CPI contra os institutos de pesquisa, de 2014 a 2022. O pedido foi assinado pelos deputados federais Carlos Jordy (PL/RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL/SP) e foi seguido por deputados/as de partidos como PP, Republicanos, MDB, Novo, PSC, Uni]ao Brasil e PDT. A alegação do pedido é de haver "uso político dos institutos de pesquisas eleitorais a fim de influenciar o resultado das eleições em favor de determinados candidatos, partidos ou espectro político" (https://www.cnnbrasil.com.br/politica/deputados-protocolam-pedido-de-cpi-contra-institutos-de-pesquisa/). Resta saber se esta CPI, pretendida por Bolsonaro e seus aliados no Congresso Nacional, investigará também os institutos de pesquisas que deram a vitória ao presidente genocida no 1º turno no atual processo eleitoral!!!
O que é correto afirmar é o que as pesquisas indicam: a eleição está indefinida. Ninguém, nem de um lado nem do outro, pode "cantar vitória" neste momento. Há que se "arregaçar as mangas" para garantir a vitória no próximo domingo, 30/10.
Outra coisa correta a se afirmar: seja Lula ou Bolsonaro, os enfrentamentos que a classe trabalhadora terá em 2023 serão muitos para garantir seus direitos. Teremos que estar muito preparados/as para isto!!!

domingo, 25 de setembro de 2022

Dialogando com o senso comum ou quando vale qualquer coisa pra justificar o "voto útil"

"A democracia é uma forma de governo em que a cada quatro anos se troca de tirano".

Lenin


O site "Esquerda Online" publicou, neste dia 24/09, um artigo dos coordenadores gerais do SINASEFE, Artemis Martins e David Lobão, de nome "Um papo reto", onde defendem a necessidade de derrotar Bolsonaro (PL) ainda no primeiro turno desta eleição com o consequente voto em Lula (PT) como sendo isso uma "urgência fundamental necessária" (trecho retirado do próprio artigo). Mas, antes disso, gostaríamos de fazer algumas referências ao texto em si e a outras questões que também dizem respeito ao mesmo.

Primeiro, é um texto confuso em alguns aspectos. Inicialmente, Artemis e David afirmam que há "uma polémica importante entre organizações revolucionárias no Brasil" e que estas "consideram que as jornadas de junho de 2013 continuam em aberto, que vivemos em cima de um barril de pólvora, e por isso, estamos diante de uma situação pré-revolucionária prestes a explodir". Ao mesmo tempo, segundo os coordenadores do SINASEFE, "outras sustentam que vivemos uma situação reacionária, consequências do golpe jurídico-parlamentar-midiático aplicado contra a presidenta Dilma" (https://esquerdaonline.com.br/2022/09/24/um-papo-reto/). Mais na frente, começam as confusões - pra não afirmar CONTRADIÇÕES - expressadas pelos autores/defensores do "voto útil" na chapa Lula-Alckmin como "uma urgência fundamental e necessária" para derrotar Bolsonaro.

Antes de irmos às confusões/contradições dos autores, uma pausa importante: defendemos como "urgência fundamental e necessária" a derrota de Bolsonaro nestas eleições e do bolsonarismo no período posterior a estas eleições, mas NÃO apoiando e votando em uma saída burguesa colocada nos marcos da chapa Lula-Alckmin. 

Dito isso, partamos para nossa análise acerca do artigo dos coordenadores do SINASEFE.

No 4º parágrafo do texto, afirma-se que "a classe trabalhadora, mesmo fragilizada e sofrida, não sofreu uma derrota histórica - o que a colocaria em um lugar de resignação e ressentimento" (idem). Assim, vem a pergunta: se estamos vivendo uma situação reacionária (como defendem os autores), como a classe trabalhadora NÃO sofreu uma derrota histórica neste período???

No 5º parágrafo, Artemis e David utilizam um argumento muito usado pelas organizações reformistas para justificar o apoio a Lula como se este fosse das "organizações revolucionárias": o de que estas eleições são as "eleições das nossas vidas", justificando assim toda a política prioritária que organizações como PT, PSOL, PCdoB e seus satélites* possuem nas eleições burguesas em vez da ação direta da classe.

Queremos chamar atenção a um fator importante citado por Artemis e David ao longo do texto para justificar o "voto útil" destes e do SINASEFE em Lula-Alckmin nestas eleições: o uso do "rigor metodológico" nas "análises sérias" da realidade que todo marxista deve ter para fazer tal procedimento. 

Dito isso, partamos para o número de greves ocorridas no Brasil nos últimos anos, segundo dados do DIEESE, para verificarmos se estamos ou não vivendo uma situação reacionária. Não se pode dizer que este não é um dado importante da realidade brasileira para fazer uma "análise séria" baseada num "rigor metodológico" e sem estar amparados "exclusivamente nas convicções da vanguarda, mas sobre um diagnóstico objetivo e coerente da situação" (idem).

De acordo com o "Balanço da Greves do DIESSE", em 2018 (ano da eleição de Bolsonaro), ocorreram 1453 movimentos paredistas organizados pela classe trabalhadora em todo o país, com 69.233 horas paradas; em 2019, ano do 1º mandato de Bolsonaro no governo e da aprovação da "Reforma da Previdência", ocorreram 1118 movimentos paredistas organizados pela classe trabalhadora em todo o país (cerca de 30% a menos que o ano anterior), com 44.650 horas paradas (cerca de 55% a menos que no ano anterior); em 2020, houve uma queda significativa nestes números: ocorreram 649 movimentos paredistas organizados pela classe trabalhadora em todo o país, com 19.486 horas paradas. Evidente que o surgimento da pandemia do coronavírus neste período teve uma influência determinante neste aspecto; em 2021, apesar da pandemia, houve um aumento: ocorreram 721 movimentos paredistas organizados pela classe trabalhadora em todo o país (cerca de 11%), com 32.534 horas paradas (cerca de 67%).

Ou seja, os dados do DIEESE, no seu "balanço de greves", aponta que estamos longe de vivermos uma "situação reacionária", de "derrota histórica da classe trabalhadora", como querem fazer crer não apenas Artemis e David, mas toda a esquerda reformista que existe no Brasil, liderada por PT, PSOL e PCdoB e seus satélites. Pode-se questionar se estamos vivendo a "situação pré-revolucionária", mas afirmar com toda a veemência que passamos por uma "situação de derrota histórica da classe" é, por um lado, construir uma narrativa extremamente pessimista e, por outro lado, semear ilusões na classe para elaborar (como estão elaborando há décadas), uma política reformista e submissa aos capitais nacional e internacional em nosso país.

Por fim, queremos dizer uma coisa importante. Se fôssemos adotar o discurso de que estamos vivendo uma "situação reacionária" em nosso país, então esta já estaria sendo vivenciada por todos nós há muito tempo. Segundo o "Balanço da Greves do DIESSE", em 2004 (segundo ano do governo Lula), ocorreram 302 movimentos paredistas organizados pela classe trabalhadora em todo o país (não há registro de horas paradas naquela ocasião); ainda segundo este estudo do DIEESE, em 2010 (último ano do governo Lula), ocorreram 446 movimentos paredistas organizados pela classe trabalhadora em todo o país (também não há registro de horas paradas naquela ocasião). Destes dados, vem a pergunta: Artemis e David consideram que a classe trabalhadora brasileira vivia em "situação reacionária" durante o governo Lula??? A classe trabalhadora de nosso país estava sofrendo uma "derrota histórica" neste período, para os coordenadores do SINASEFE???  Um detalhe importante sobre este estudo do DIEESE: as greves aqui relatadas são dos setores público e privado!!!

Com tudo isso, podemos chegar à conclusão que: 1) afirmar que estamos vivendo uma "situação reacionária" e de "derrota histórica da classe trabalhadora" é uma afirmativa dos autores deste texto e das lideranças da esquerda reformista de nosso país, questionada diretamente pelos dados apresentados pelo DIEESE, como revelamos agora; 2) votar em Lula como "urgência necessária é fundamental" para derrotar Bolsonaro é uma consequência política destas afirmações construídas pelas esquerda reformista de nosso país; 3) o "voto útil" nestas e em outras eleições serve para desviar a classe trabalhadora da real tarefa desta, que é destruir a sociedade capitalista e seus verdadeiros representantes, através da ação direta da classe, e não pela via eleitoral, que já mostrou, mais de uma vez, que NÃO resolve os graves problemas enfrentados no cotidiano da classe!!!


*quando usamos a expressão "satélites", estamos nos referindo às organizações que estão em torno do PT, PSOL e PCdoB, como CUT, CTB, UNE, UBES, MST, MTST, dentre outras!!!


POR UMA ALTERNATIVA SOCIALISTA E REVOLUCIONÁRIA!!!

VERA LÚCIA/RAQUEL TREMEMBÉ

PSTU 16






 

domingo, 18 de setembro de 2022

"Votar útil para derrotar o inútil". Mas, quem é o "INÚTIL"???




Neste domingo, 18 de setembro de 2022, estamos a dois domingos daquela que é considerada pela Justiça Eleitoral e também pela burguesia brasileira, da "festa da democracia". Ou, como andam dizendo os lulo-petistas e seus satélites* (ou seriam melhor chamá-los de "lulo-alckmistas"???) de "as eleições mais importantes de nossas vidas". De todo modo, em 02 de outubro, exatos 156.454.011 de brasileiros e brasileiras dos quatro cantos deste país, segundo dados do TSE, estarão aptos/as a irem às urnas neste dia para escolherem entre 11 candidatos e candidatas a Presidente da República. Homens, mulheres, negros, negras, indígenas, quilombolas, heteros/as, LGBTs, deficientes ou pessoas com mobilidade reduzida, idosos/as, trabalhadores/as da cidade e do campo, desempregados/as, todos e todas poderão decidir qual será, como diria o líder bolchevique Lenin, seu próximo tirano nos próximos quatro anos. Pois é isso que representa a "democracia" na qual vivemos. Um regime feito pelos que estão em cima, governando e ditando as regras para continuarem governando e explorando e oprimindo a classe trabalhadora, contando para isso com a grata colaboração da esquerda reformista e stalinista, como PT, PSOL, PCdoB e satélites espalhados pelo movimento dos trabalhadores.

Neste sentido, tem ganho expressão, especialmente dentro dos setores do movimento dos trabalhadores a pressão vinda daqueles e daquelas que apóiam a candidatura Lula/Alckmin - ainda que de forma envergonhada, muitos/as não falam no recém-convertido "socialista" Alckmin, o famoso ladrão de merendas das crianças nas escolas paulistas e líder da desocupação de centenas de famílias no Pinheirinho, em São José dos Campos -, que afirmam reiteradamente que é preciso votar em Lula no 1º turno para derrotar Bolsonaro, pois isso representa, segundo esta campanha, "votar útil para derrotar o inútil". Um dos problemas desta linha de raciocínio é que esta também serve a Bolsonaro e seus apoiadores, talquei???

Segundo esta campanha e este raciocínio, votar em candidatos como Ciro Gomes (PDT) e em Simone Tebet (MDB) podem levar Bolsonaro a um eventual 2º turno e, assim, forçar a realização deste novo "round eleitoral" entre o petista e o atual presidente no próximo 30 de outubro do corrente ano. Daí, decorrem duas perguntas: 1) onde fica a defesa histórica das eleições em dois turnos, aonde seria importante a ocorrência desta para que se desse a oportunidade dos vários projetos políticos poderem se expressar ao povo???; e 2) qual o medo de um eventual 2º turno??? 

Porém, a crítica mais importante a esta campanha feita pelos lulo-petistas - ou lulo-alckmistas - e seus satélites é quanto à caracterização do quem a ser o "inútil". Se classificarmos como "inútil" sendo Bolsonaro, temos acordo em parte. Porque, Bolsonaro cumpriu até agora um papel importante para um setor da burguesia deste país, como o agronegócio e parte da elite nacional e internacional que continua ganhando muito dinheiro às custas da rapina do patrimônio nacional e da ampliação do desmatamento ocorrido no país ao longo destes anos, com a "passada da boiada", adotada por este governo, sem falar na aprovação da "Reforma da Previdência" feita por este governo, seguida nos Estados por governos que se dizem "oposição" a Bolsonaro, mas que também atacaram duramente os servidores púbicos de seus Estados, como foi o caso da Paraíba, como o governador João Azevedo (PSB), que também aprovou a "Reforma da Previdência" em terras tabajaras. Assim, Bolsonaro não é tão "inútil" assim, pelo menos para um setor da burguesia nacional e internacional.

Mas, "inútil" para nós é o regime capitalista e a democracia burguesa que atualmente vivemos, que se reveste na consigna "Estado Democrático de Direito", cantado em verso e prosa, seja por setores do empresariado, seja por políticos que representam os interesses desse grupo, seja por setores reformistas ligados ao movimento dos trabalhadores, como PT, PSOL, PCdoB e seus satélites. E este "inútil", na nossa avaliação, deve ser destruído e, em seu lugar, deve ser construído uma nova sociedade, com uma nova orientação, dada pela classe trabalhadora, através dos Conselhos Populares formado pela classe organizada em seus locais de trabalho, de moradia, de estudos. Evidentemente, não acreditamos que isso se dará através de um processo eleitoral comandado pela burguesia, com suas regras antidemocráticas, que excluem da participação do processo eleitoral a única candidatura negra, operária e socialista desta eleição, representada pela companheira Vera Lúcia, do PSTU e do Polo Socialista Revolucionário, e que está acompanhada nesta eleição da companheira Raquel Tremembé, mulher indígena, lutadora das causas dos nossos povos originários e que, assim como Vera, também é alijada deste processo "democrático" das eleições deste ano, determinado na prática pelas regras dos meios de comunicação que, apesar de serem concessões públicas, numa hora dessas escolhem quem a classe trabalhadora deve ou não conhecer - e, consequentemente, apoiar para votar em 02/10 -. Portanto, participar das eleições deve ter como objetivo denunciar este regime explorador e opressor sobre nossa classe e, ao mesmo tempo, buscar colocar (na medida do possível) nossas propostas de superação desta realidade, assim como começar a preparar a classe trabalhadora para os tempos que virão, pois, independente de quem ganhe nestas eleições, a "paulada no lombo" sobre a classe virá e não será qualquer paulada. Deveremos estar preparados/as para os tempos difíceis que virão para resistirmos e, sobretudo, LUTARMOS na defesa dos nossos direitos!!!


*Quando citamos satélites ao longo do texto, logo após de falarmos no PT e em outros partidos, queremos nos referir a organizações do movimento dos trabalhadores que sempre estão "coladas" a este, como CUT, MST, MTST, UNE, dentre outras!!!


POR UMA ALTERNATIVA SOCIALISTA E REVOLUCIONÁRIA!!!

VERA LÚCIA/RAQUEL TREMEMBÉ

PSTU 16





sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Luciene Gomes, prefeita de Bayeux, e seu vice, major Clecitoni, são CASSADOS pela Justiça Eleitoral!!!




Nesta segunda-feira, 15 de agosto do corrente ano, a cidade de Bayeux, situada na Região Metropolitana de João Pessoa, sofreu mais um grave abalo na sua vida política, já bastante atribulada nos últimos anos. 

Segundo decisão da Justiça Eleitoral, tomada pelo juiz eleitoral Antonio Rudimacy, a prefeita Luciene Gomes (PDT) e seu vice, major Clecitoni (MDB), tiveram seus mandatos CASSADOS. De acordo com a decisão judicial, isto se deveu por conta de "abuso de poder econômico nas eleições de 2020". Ainda segundo a decisão, ambos estão inelegíveis por 8 anos e deverão pagar uma multa de R$ 10 mil.

Esmiuçando a cassação à prefeita Luciene Gomes e seu vice, esta se deveu porque ambos "se beneficiaram com a distribuição de cestas básicas e nomeação de servidores públicos em período vedado pela legislação eleitoral. O que, segundo o juiz, se configura em ilícito eleitoral e abuso de poder político" (https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2022/08/15/prefeita-e-vice-prefeito-de-bayeux-na-paraiba-sao-cassados-por-juiz-eleitoral.ghtml). Para esclarecer ainda mais acerca disso, o juiz Antonio Rudimacy lembra que, segundo a legislação eleitoral, "a nomeação de servidores nos três meses que antecedem o pleito desequilibrou as eleições e aniquilou a livre vontade do eleitor, favorecendo exclusivamente a candidata que praticou o ato" (idem).

Além disso, o juiz destacou que "foram nomeados mais de trezentos funcionários no período vedado (grifo nosso), justificando as nomeações no estado de calamidade pública e necessidade devido à pandemia, mas as nomeações não foram exclusivamente para atender as necessidades inadiáveis da saúde, mas com fim eleitoral"  (ibidem). Tanto isso é verdade que os próprios assessores da prefeita (leia-se "babões") admitem, nos grupos de zap de Bayeux que, passada a eleição de 2020, estes funcionários foram demitidos pela prefeita reeleita Luciene Gomes (PDT), revelando assim a desnecessidade dessas nomeações durante a pandemia. 

Ainda segundo o juiz eleitoral Antonio Rudimacy, "há provas robustas do abuso do poder político e práticas de condutas vedadas no ´período eleitoral" praticadas por Luciene Gomes e seu vice, major Clecitoni, durante as eleições 2020, quando foram eleitos. Daí, a CASSAÇÃO de ambos, apesar dos lamentos e reclamações dos seus assessores (leia-se "babões", repetimos) e advogados de defesa, que já recorreram da decisão.

Sobre isso, duas coisas são certas: 1) as provas apresentadas pela Justiça Eleitoral para pedir a CASSAÇÃO de Luciene Gomes (PDT) e de seu vice, major Clecitoni (MDB), dos cargos de prefeita e vice-prefeito de Bayeux, na Grande João Pessoa, são robustas, como o próprio magistrado chega a afirmar; e 2) a cidade de Bayeux - e seu povo trabalhador - continua sofrendo com uma classe política deplorável, para dizer o mínimo, com suas práticas igualmente deploráveis.

No mais, cenas dos próximos capítulos.............


sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Um outro olhar dos 437 anos de João Pessoa e da Paraíba

 

   




    


Há 437 anos, em 05 de agosto de 1585, a Paraíba passava a existir enquanto Cidade de Nossa Senhora das Neves após uma batalha empreendida pelos portugueses contra os indígenas que habitavam a região; depois, este nome modificou-se para Parahyba por algum tempo e, em 1930, após o assassinato do então presidente da província (nome dado ao governador de Estado na época), seu nome passou a ser João Pessoa, como é até os dias atuais. Evidente que estamos fazendo uma síntese mais do que sintética dos acontecimentos ocorridos nestes mais de 4 séculos que se passaram nesta cidade. O nome “paraíba”, de origem tupi, tem significados controversos mas, o mais aceito entre os estudiosos, é “rio de navegação difícil”. Sobre o nome da cidade, dentre os três mais famosos que existiram ao longo de sua existência, prefiro o segundo e o que durou mais tempo: PARAHYBA, assim mesmo, com HY. E podem ter certeza, não estou sozinho nessa defesa!!!

      A capital de todos/as paraibanos/as e de vários/as imigrantes (nacionais e internacionais) possui várias belezas, naturais ou não). Dentre elas, destacam-se os ipês amarelos que florescem no Parque Solon de Lucena, na Lagoa, a cada primavera; o conjunto arquitetônico da Igreja São Franciso ou do Mosteiro de São Bento, na cidade antiga; as praias, urbanas e do restante do litoral, seja ao Norte ou ao Sul, em destaque a de Tambaba, famosa internacionalmente por conta do naturismo; há que se destacar também o Vale dos Dinossauros, em Sousa, no sertão paraibano, pela riqueza de sua história, apesar de não estar tão bem conservado assim atualmente; e não podemos deixar de citar a Itacoatiara (ou a Pedra do Ingá, como também é conhecida), igualmente rica em história. Enfim, a Paraíba tem muitas riquezas naturais ou não a serem exploradas, visitadas e vistas e, consequentemente, a encantar a quem as visite.

      Alguém pode estar se perguntando por que não citei o mais famoso cartão postal de nossa Paraíba no parágrafo anterior, a Ponta do Seixas. Não a esqueci, afinal esta é – ainda – o ponto mais oriental das Américas. Mas, deixei para falar agora porque esta beleza natural paraibano é, também, um dos mais desprezados há muito tempo por nossos governantes de plantão e está simplesmente desaparecendo, ao ponto de, em locais como o Rio Grande do Norte, setores já considerarem a capital potiguar como o “ponto mais oriental das Américas”. E, porquê isso???

      A decadência da Ponta do Seixas é apenas mais um ponto triste dos muitos problemas que existem em nosso Estado atualmente. Este é, na nossa opinião, o principal problema ecológico que temos há vários anos, aprofundado particularmente após a construção da Estação Ciência no espaço que antes era destinado a um parque natural chamado “Bosque dos Sonhos”, que ocupava cerca de 5ha naquela área e que foi desmatada, na ocasião, para dar lugar ao equipamento público citado anteriormente e que – coincidência ou não -, depois de sua existência no local, a falésia do Cabo Branco acelerou sua erosão e todos os problemas decorrentes disso (como a interdição daquela área até hoje) continuam. Tais fatos iniciaram no governo do então prefeito Ricardo Coutinho (na época, no PSB) e permanecem sem solução, com os prefeitos posteriores – Luciano Cartaxo (PT, depois PSD e, por fim, PV) e, agora, Cícero Lucena (PP) -. Todos estes, sem exceção, fizeram e fazem a mesma coisa em relação a esta questão: empurram a solução do problema com a barriga. Dizem que o caso com o IBAMA, que diz que o problema é da SUDEMA, que manda o caso de volta para a Prefeitura. E, neste jogo de empurra, João Pessoa vai perdendo sua principal beleza natural!!!

     Além disso, a Paraíba e João Pessoa tem outros graves problemas. Segundo o Boletim Desigualdade nas Metrópoles, elaborado pelo Observatório das Metrópoles, em parceria com a PUC/RS e Observatório da Dívida Social (RedODSAL), João Pessoa é uma das cidades mais desiguais do país, social e economicamente. Menos de ¼ da sua população vivia com 24,5% do salário mínimo no 1º trimestre de 2020 – o que representava R$ 261,25 -; além disso, no mesmo período, os 10% da distribuição de renda ganhavam (em média), 29,6 vezes mais do que os 40% mais da base da distribuição de renda; um ano depois, no 1º trimestre de 2021, esses mesmos 10% da distribuição de renda passaram a ganhar, em média, 42,3 vezes mais do que os 40% mais da base da distribuição da renda. Um aumento considerável da concentração de renda em plena pandemia do coronavírus. Em relação à cesta básica, João Pessoa tem uma das mais caras do país, com seu valor custando cerca de 50% do atual salário mínimo – R$ 586,73 -, sofrendo um aumento de 18,35% em 12 meses, segundo pesquisa feita pelo DIEESE em junho deste ano.

Um outro dado que revela um grave problema paraibano é o fato de que, em nosso Estado, segundo a PNAD Contínua, pesquisa feita pelo IBGE, a Paraíba possuir a segunda maior taxa de analfabetismo do país – 16,1% -. Quando verificamos o mesmo percentual na taxa de analfabetismo funcional, esse número chega a cerca de 50% da população paraibana. Um absurdo em pleno século XXI!!!

Por fim, mais alguns dados assustadores sobre a situação da Paraíba em nossos dias. Num país que possui mais de 33 milhões de pessoas passando fome, temos cerca de 80 mil famílias paraibanas passado por esta mesma situação; quando verificamos o drama do desemprego, observamos que o número percentual alcança pouco mais de 14% enquanto na informalidade, este número é de mais de 50%. Números que revelam o tamanho da crise por que passam os/as trabalhadores/as da Paraíba, João Pessoa e do Brasil atualmente.

Saudamos a cidade de João Pessoa por mais um aniversário. Mas, não podemos nos esquecer que, ao lado de uma cidade recheada de locais bonitos e agradáveis para se ver, viver e curtir, há também uma cidade cheia de questões a serem resolvidas para que os/as trabalhadores/as possam, definitivamente, tomar conta de SUA cidade.

terça-feira, 10 de maio de 2022

Breves considerações ao cancelamento de títulos na Paraíba em 2022




A Justiça Eleitoral encerrou no último dia 04/05 o prazo para que eleitores/as de todo o o país regularizassem sua situação com esta e pudessem, assim, estar em condições de votar nas eleições gerais do próximo dia 02 de outubro deste ano, de presidente a deputado estadual, passando por senador, governador e deputado federal. Na Paraíba, o TRE local já apresentou alguns dados do resultado final desta situação eleitoral no Estado, o qual iremos tecer algumas considerações.

Segundo o TRE/PB, exatas 267.549 não poderão votar nas eleições deste ano no Estado em outubro próximo porque já estão com seus títulos eleitorais cancelados. Isso ocorre apesar das punições previstas no Código Eleitoral a quem tem este documento cancelado, que são: impossibilidade de votar e de se candidatar; bloqueio para empréstimos na Caixa Econômica; bloqueio para renovação de matrículas em estabelecimento de ensino oficial ou fiscalizado pelo governo; veto a inscrições em concursos públicos; impedimento a recebimento de salário em autarquias, fundações do governo, empresas, institutos e sociedades de qualquer natureza, mantidas ou subvencionadas pelo governo ou que exerçam serviço público; e bloqueio à retirada de passaporte e de carteira de identidade. Nenhum impedimento desses direitos foi suficiente para fazer com que essas mais de 260 mil pessoas tenham seu título cancelado em 2022 (https://g1.globo.com/pb/paraiba/eleicoes/2022/noticia/2022/05/09/eleicoes-2022-quase-300-mil-titulos-de-eleitor-sao-cancelados-na-paraiba.ghtml).

Deste total, 43.319 foram impedidas de participar das eleições deste ano porque já estão há três eleições consecutivas sem votar. Ou seja, nas eleições de 2016, 2018 e 2020, essas pessoas não compareceram às urnas nem justificaram a ausência e tão pouco pagaram a multa estipulada pela Justiça Eleitoral por terem feito isso. Na prática, isso significa que tais pessoas possuem uma aversão ao regime político de nosso país há, pelo menos, 6 anos. Desconhecer ou desmerecer este fato é "tapar o sol com a peneira", como diz a sabedoria popular.

Por outro lado, 224.230 pessoas tiveram seus títulos cancelados porque não atenderam ao chamado da Justiça Eleitoral para regularizarem suas situações eleitorais perante a mesma. Assim, estão impedidas de participar do processo eleitoral deste ano. Neste caso, não é possível presumir que tais pessoas tenham algo contrário ao regime e/ou ao processo eleitoral em vigor, mas pode haver algum percentual neste número.

O percentual de títulos cancelados na Paraíba por conta de pessoas que recusam-se a participar das eleições não é algo para se desprezar. Exatos 4,13%, apesar de uma campanha midiática intensa em defesa da "festa da democracia", como é chamada pela grande imprensa as eleições burguesas ou, como costumamos afirmar, a novela recorrente que os trabalhadores são obrigados a assistir a cada dois anos, intitulada "Estelionato Eleitoral", com os candidatos dos grandes partidos mentindo muito para nossa classe e fazendo destas eleições a justificativa legal para atacar, cada vez mais, nossos direitos e conquistas arduamente obtidos com muita LUTA ao longo dos anos. 

Isso tudo serve para mostrar que existe no interior de nossa classe um "fogo de monturo", como se diz no interior da Paraíba, pronto para crescer muito e explodir como nunca. E as forças que reivindicam a classe trabalhadora e o socialismo precisam se conectar, cada vez mais, a este pessoal na perspectiva da construção da revolução!!!

segunda-feira, 28 de março de 2022

Ricardo Coutinho cobra fatura de sua entrada no PT e Anísio Maia e aliados pagam o pato!!!





Em setembro do ano passado, o ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho reingressou ao Partido dos Trabalhadores, com pompas e glórias, em cerimônia celebrada por ninguém menos que a presidente nacional do partido, a deputada federal Gleisi Hoffmann, e o presidenciável Luís Inácio Lula da Silva. Na esteira de seu retorno ao PT, vieram o ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, e as deputadas estaduais Cida Ramos e Estela Bezerra, além da ex-prefeita do Conde, Márcia Lucena  e do também deputado estadual, Jeová Campos. Com exceção de Luciano Cartaxo e Jeová Campos, todos citados/as na "Operação Calvário", desenvolvida pelo MP e Gaeco, por conta de desvios de dinheiro público na saúde e educação na Paraíba, além de terem vindo do PSB.

Oito meses depois, Ricardo Coutinho começa a cobrar a fatura da conta de seu retorno ao PT. E justamente contra aqueles que foram contra o apoio do PT à sua candidatura a prefeito de João Pessoa, em 2020, quando ainda estava no PSB. Na ocasião, o deputado estadual Anísio Maia era o candidato petista à Prefeitura de João Pessoa e, junto com a direção municipal do partido, dirigida à época por Giucélia Figueiredo e assessorada juridicamente por Anselmo Castilho, resistiu às pressões oriundas da Direção Nacional do PT, que queria que o partido apoiasse a candidatura do ex-governador Ricardo Coutinho à PMJP naquele ano. Detalhe: a questão chegou a ir à Justiça, com Josenilton Feitosa, dirigente partidário na oportunidade, assinando a petição pela direção municipal pela manutenção da candidatura de Anísio Maia, coisa que acabou ocorrendo, à revelia das pretensões da Nacional do PT.

Pronto. Estava armada mais uma crise dentro do PT/PB que, segundo o Conselho de Ética e a Direção Nacional do PT foi resolvido com a suspensão, por 6 meses, do deputado estadual Anísio Maia, de qualquer atividade partidária, e de 4 meses, para os demais militantes partidários (Anselmo Castilho, Giucélia Figueiredo e Josenilton Feitosa). No caso de Anísio Maia, significa dizer que ele não poderá ser candidato à reeleição em outubro próximo pelo PT, caso permaneça no partido, o que significa na prática um convite a sair do partido; para os demais, é um caso a se pensar. 

Entre os 4 punidos, dois já tomaram suas decisões. A primeira foi a ex-presidente municipal do PT/João Pessoa, Giucélia Figueiredo. Em declaração à imprensa, ela afirmou que "não sai do PT em hipótese alguma" (https://parlamentopb.com.br/giucelia-figueiredo-garante-que-nao-sai-do-pt-em-hipotese-alguma/); já Anselmo Castilho, que também já foi presidente do PT de João Pessoa, fez uma Carta Aberta aos filiados e filiadas do partido anunciando sua desfiliação do partido por não concordar com o fato do PT "não estar respeitando suas próprias regras" (file:///C:/Users/nvteds/Downloads/Carta%20Aberta%20ao%20Partido%20dos%20Trabalhadores.pdf). Já Anísio Maia e Josenilton Feitosa ainda não anunciaram o que irão fazer. Há uma expectativa de que Anísio anuncie a desfiliação do PT e a ida para o PSB ou PCdoB que, inclusive, já o convidou para se filiar ao partido (https://parlamentopb.com.br/pcdob-presta-solidariedade-e-convida-anisio-maia-para-filiacao/).

Anísio Maia não escondeu sua decepção com a decisão do PT Nacional (https://parlamentopb.com.br/anisio-maia-revela-enorme-decepcao-com-autoritarismo-do-pt/), assim como Feitosa (https://agendapolitica.polemicaparaiba.com.br/feitosa-sinaliza-saida-do-pt-partido-prefere-quem-vive-na-lama-da-corrupcao/), apesar da direção estadual do PT/PB ter divulgado uma nota em que afirma que as punições feitas são o resultado esperado de um processo. "Pagaram pra ver", afirma a direção estadual do PT/PB; ao mesmo tempo, o deputado federal Frei Anastácio prestou solidariedade ao deputado Anísio Maia e afirmou que "estarei ao lado de Anísio nas próximas eleições aonde ele estiver", não sem antes afirmar que "não descarta deixar a legenda dentro da janela partidária". Cenas dos próximos capítulos.....

Com todo esse imbróglio nas hostes petistas, um fato chama a atenção: em nenhum momento, a imagem de Lula foi arranhada por nenhum dos envolvidos. Apesar de todos/as terem ciência que este sabe perfeitamente do que se passa dentro do PT, em todos os sentidos. Por exemplo, na Carta Aberta que Anselmo Castilho elabora, ele faz menção à sua saída, mas que continua na campanha de Lula, em nenhum momento citando este como corresponsável pelo que ocorre no PT local, apesar deste ser um dos principais incentivadores para o retorno de Ricardo Coutinho ao partido. Enfim, é uma prática do PT não apenas de João Pessoa ou da Paraíba, mas do Brasil como um todo: ninguém macula a imagem de Lula!!!